Caixa gastou R$ 16,6 milhões
para reunir, em maio, 6.000 funcionários no estádio Mané Garrincha,
em Brasília.
Encerrado com um micareta do
cantor Saulo (ex-banda Eva) e apresentado por artistas de novelas da
Globo, o evento foi montado para divulgar as metas da instituição em 2018,
algumas bastante austeras: corte de R$ 2,5 bilhões em custos e
fechamento de cem agências.
Como noticiou a Folha, o
banco levou para a capital federal seus gestores nos 26 estados e os
vestiu com a "camiseta 9 da Seleção Caixa", em alusão à Copa e ao
lucro operacional líquido de R$ 9 bilhões, almejado para este ano. Para
isso, pagou R$ 6,5 milhões por 5.716 passagens aéreas de ida e volta.
Como o evento começou de
manhã se estendeu pela noite de 16 de maio, uma quarta, foi necessário
pagar R$ 2 milhões por 5.868 diárias de hotel.
Comida e bebidas servidas no
estádio consumiram mais R$ 1 milhão. Outros R$ 6,5 milhões foram
destinados à montagem da estrutura e à organização do evento, batizado de
"Seleção Caixa: em campo pelo Brasil".
Receberam convites
diretores, superintendentes, gestores, gerentes-gerais e de filiais da Caixa, o
que motivou um protesto de funcionários de menor escalão do lado de fora.
Do lado de dentro, os
convidados assistiram a uma palestra motivacional do ex-jogador Cafu que
custou R$ 78 mil. A Caixa afirmou à Folha que ele foi chamado para
"instigar os participantes sobre o prazer de ser um vencedor".
O evento teve como mestres
de cerimônia os atores Bruno de Lucca e Luiggi Barricelli além da
apresentadora Renata Fan, cujas participações custaram,
respectivamente, R$ 65 mil, R$ 60 mil e R$ 50 mil.
A Folha obteve o
detalhamento das despesas por meio da Lei de Acesso à Informação. Na época do
evento, a Caixa não forneceu os dados.
O banco não informou quanto
pagou pelo show de Saulo, que subiu ao palco por volta das 20h e mesclou
sucessos do axé com versos clássicos da música brasileira, a exemplo de
"Viver e não Ter a Vergonha de Ser Feliz", de Gonzaguinha. Justificou
que o cachê do cantor foi bancado pela Elo Cartões, da qual é acionista —a Elo
não se pronunciou.
Os convidados eram quase
100% dos quadros da Caixa, mas houve exceções. Foram chamados o presidente do
Banco do Brasil, Paulo Caffarelli, e outros dois dirigentes da instituição; o
governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), fora três ministros
de Temer: Eduardo Guardia (Fazenda), Esteves Colnago (Planejamento) e Joaquim
Lima (Secretaria-Geral da Presidência).
A Caixa afirmou que o evento
foi uma "reunião de trabalho" para apresentar aos gestores
"novos desafios e valorizar a participação estratégica de cada um na
construção dos resultados."
"O conselho diretor da
Caixa demandou e foi informado sobre todos os passos envolvidos na organização
do evento", afirmou a Superintendência Nacional de Promoção de Eventos.
A Caixa acrescentou que
eventos de mesma natureza foram realizados por alguns de seus concorrentes,
entre eles o Itaú e o Santander.
Fonte: Bocão