O PT recorreu à Justiça Federal em Curitiba para que o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Operação Lava
Jato, dê entrevistas e faça pronunciamentos como candidato a presidente da
República mesmo preso. Além disso, a presidente nacional do partido, senadora
Gleisi Hoffmann (PR), afirmou nesta sexta-feira, 8, que Lula será candidato
ainda que a Justiça Eleitoral negue o registro de sua candidatura. “Lula está
com seus direitos políticos em exercício.
Ele tem direito a falar, a se manifestar”, disse Gleisi,
ao justificar o pedido feito à Vara de Execuções Penais da Justiça Federal. A
presidente da legenda concedeu uma entrevista coletiva em Contagem (MG), onde o
partido promove nesta sexta-feira um ato de “lançamento oficial” da pré-candidatura
de Lula ao Planalto. Mesmo se a Justiça negar a possibilidade, disse Gleisi, a
campanha continuará. “Vamos fazer campanha independentemente das falas do
presidente, ele vai escrever e todas as lideranças vão falar por ele”. A
senadora disse que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não poderia negar o
registro de Lula, mesmo com o petista condenado em segunda instância e podendo
ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa. “Enquanto tem recursos fundamentados nas
instâncias superiores, teria que ser feita a candidatura. Nós poderíamos
definir inclusive que ele faça a disputa sem o registro”, disse. Na tese de
Gleisi, Lula poderia ir para a urna, ser eleito e diplomado enquanto seus
recursos não são julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O PT, afirmou a presidente, está formulando um parecer
levantando casos de outros políticos que tiveram suas situações jurídicas
revertidas após a eleição e tomaram posse. Negando qualquer alternativa à
candidatura de Lula, Gleisi diz que o PT conversa com outros partidos do campo
da esquerda e que a articulação pode levar a uma composição eleitoral. Mesmo
não admitindo que Lula pode não ser candidato, a dirigente afirmou que, “em
qualquer circunstância”, a palavra final sobre a movimentação do PT será dada
pelo ex-presidente. Perguntada sobre uma aliança com o PSB em Minas Gerais,
Gleisi Hoffmann disse que o PT conversa com a legenda e que as alianças locais
vão ser definidas em razão de uma aliança nacional. O governador do Ceará,
Camilo Santana, confirmou presença no evento de lançamento da candidatura de
Lula. De acordo com a senadora, mesmo com a proximidade entre Santana e Ciro
Gomes, o governador garantiu o apoio ao ex-presidente Lula.