Um padre se
negou a batizar dois primos de 13 anos minutos antes da cerimônia começar, em
Salvador, porque os pais e padrinhos dos adolescentes não são casados na Igreja
Católica. No entanto, os meninos foram preparados por cerca de três meses para
o batismo e, segundo a família deles, o requisito não foi informado
anteriormente.
"Em nenhum momento foi
perguntado se nós éramos católicos praticantes, se éramos casados no civil, no
religioso. Em nenhum momento. Nem no curso e nem na inscrição. Não foi pedido
nenhum documento que a gente fosse casado na igreja", contou o comerciante
Antônio de Oliveira Filho, pai de um dos meninos.
O caso ocorreu na Igreja
Senhor Bom Jesus dos Milagres, no bairro de Brotas, no último domingo (26). Os
adolescentes, um garoto e uma garota, estavam prontos para serem batizados,
quando foram surpreendidos pela recusa do padre João Eduardo. Familiares e
amigos, incluindo os padrinhos dos meninos, estavam na igreja e esperavam pela
cerimônia.
"Para nossa surpresa, o
padre, no microfone, ainda antes de finalizar a missa, falou que tinha o
batismo marcado naquele dia, que embora estivesse tudo já programado, ele não
iria realizar porque os pais e padrinhos não eram casados perante a igreja.
Minha filha já estava sendo preparada na catequese da escola da própria igreja
já há mais de três meses, assim como meu sobrinho. E seguimos todas as
orientações. Teve reunião de pais, teve curso de pais e padrinhos...",
contou a publicitária Carolina Matheo, mãe da garota.
A atitude do padre gerou revolta na
família. Os pais contam que, durante a preparação para o batismo, cumpriram com
todos os protocolos e chegaram a pagar taxas para a realização da cerimônia,
que não aconteceu.
"Não estamos
contra as leis da igreja. Estamos questionando como foi tratado o assunto pelo
padre no momento, espondo tanto as crianças, quantos as pessoas que estavam lá.
Chamamos nossa família, as pessoas conhecidas, e ele expôs todo mundo na frente
da comunidade. A igreja estava lotada. Acho que devia ter mais de 100 a 150
pessoas. Não tinha nem lugar para sentar", disse Antônio de Oliveira.
Em contato com a
reportagem, o padre João Eduardo informou que orientou a família, através da
equipe de catequese, que, conforme as regras da religião, os padrinhos deveriam
ser casados na Igreja Católica, mas que a recomendação não foi seguida e que
ele cumpriu o que a doutrina determina.
Ainda de acordo com o
líder religioso, ele já tinha facilitado ao abrir uma exceção para batizar os
adolescentes, já que o batismo é dado a crianças de até 7 anos de idade.