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Detalhes do ataque à escola municipal feita por aluno de 13 anos: era para ser um massacre; surge novas informações


Pânico, correria, desespero, foi o que ocorreu na manhã desta quarta-feira (17) na cidade de Seabra, na Chapada Diamantina, quando, por volta das 8h, um aluno de 13 anos, com um facão nas mãos, agrediu uma professora ainda dentro da sala de aula, deixando-a com ferimentos leves. Era para ser um massacre, mas ele não conseguiu concluir.

Passo a passo do que aconteceu

Segundo uma fonte, imagens das câmaras de segurança mostram que o aluno chegou e já apresentou comportamento anormal, pois ele não desgrudou de sua mochila enquanto esperava o início das aulas. Algo que foge ao padrão, pois todos os dias, os alunos deixam suas mochilas na cadeira e dão volta pelo pátio até a aula iniciar. Nessa manhã, ele não foi à sala e nem lá colocou sua mochila. Ele se manteve o tempo todo com a mochila, o que mostra que o ato foi premeditado.

Dentro da mochila, o aluno levava um facão e um martelo, sem ninguém perceber. Já dentro da sala de aula, em determinado momento, o menor sacou a arma branca, correu em direção à professora Denise e desferiu um golpe em seu pescoço.

“Quando vimos que ele sacou o facão e foi em direção à professora, nós saímos correndo da sala”, comentou um aluno que presenciou a cena.

O golpe desferido na professora chegou a cortar seus cabelos, porém não conseguiu atingir nenhuma veia, causando lesões bem leves na mesma.

“Pessoal já estou em casa, tentando me estabilizar. Ele me atacou com um facão com um golpe no pescoço. A intenção dele era cortar meu pescoço e Deus é perfeito, Deus é maravilhoso. Eu só estou com um arranhão no pescoço. A forma que ele me atacou era para eu não estar falando neste momento. Mas eu já estou em casa e vou ficar bem, mas tomem providências porque ele está com um facão enorme”, desabafou a professora atingida, logo após o ataque.

De volta à cena. Ao ver o ataque os alunos correram em desespero, e conseguiram avisar à Direção. Segundo o Porteiro da escola, o menor empunhando a arma branca, saiu em perseguição a uma outra aluna, sua colega, pelas ruas de Seabra, sendo contido há aproximadamente 200 metros de distância, nas imediações do cruzeiro, em frente à Igreja Bom Jesus. Lá então, conseguiram tirar a arma das mãos do menor, evitando dele agredir a colega. Imediatamente a Polícia Militar também chegou e conteve o adolescente que estava extremamente agitado e nervoso.

“No exato momento do ataque, quando os outros alunos correram em desespero, aconteceu de o portão estar aberto, algo que não acontece, porque, conforme o protocolo, o portão deveria estar fechado. O fato dele estar aberto salvou vidas, pois foi a oportunidade que os estudantes, em especial, os da sala dele, tiveram de fugir. Vejo como sorte, pois se o portão estivesse fechado, talvez esse adolescente pudesse pegar um colega e cometer um crime mais bárbaro ainda, ali no pátio da escola”, comentou o professor Rodrigo Santana.

O ato que parece ter sido premeditado, já vinha sendo anunciado pelo adolescente. E apesar de o ataque ter sido direcionado à professora Denise, momentos antes, o adolescente foi várias vezes na sala da Diretora da instituição, porém ela não estava.

“Segundo a Diretora da escola, o adolescente já vinha comentando com os colegas, desde o dia 20 de abril, que ele iria cometer um massacre na escola. Diante dessa situação, foi registrado um Boletim de Ocorrência para que as autoridades policiais tivessem ciência desse fato. Outro fato relatado pela Diretora, é que ele foi de três a quatro vezes na sua sala, mas não a encontrou, porque ela estava fora resolvendo outra situação da escola. Segunda a Diretora, ela acredita que o alvo seria ela”, relata o Professor Rodrigo Santana.

O ataque despertou medo, indagações e sobre as investigações. Há necessidade de investigações da Polícia Civil, com posterior esclarecimentos à sociedade, pois o ataque não parece ter sido planejado da noite para o dia, houve premeditação.


“Havia um facão e um martelo. São armas que passam despercebidas no cotidiano. Guarda características muito parecidas de outros massacres. Acredito que não foi planejado da noite para o dia, por isso, há necessidade de investigação, principalmente, da rede de contados desse aluno”, alerta o repórter Emilson Bolt.

Segundo um aluno da escola, o jovem que cometeu o ataque, tinha o costume de levar o facão para o colégio. “Diversas outras vezes ele já tinha mostrado a alguns colegas, mas o professores não sabiam” Disse esse aluno a Nerisvaldo.

Vitima narra os momentos de pânico e terror

Hoje pela manhã a professora Denize, falou com Nerisvaldo.

“Foi na terceira aula, eu cheguei, entrei na sala pedi silêncio aos alunos. Já tinha uns 15 dias que ele não ia pra aula. A escola já tinha acionado alguns órgãos, porque ele já havia apresentado alguns sintomas e comportamentos diferentes e aí a escola disse que ele só voltaria para a instituição quando estivesse tomando uma medicação. Aí Eu cheguei na sala e encontrei com ele. Eu não imaginava que ele poderia fazer isso, tanto que eu nunca tive nenhum problema com ele, nenhuma discussão, sempre respeitei o jeito dele, nunca confrontei. Entreguei as atividades para os alunos e para ele. Fiquei de frente a mesa dele, agachei na mesa dele, usei o marca texto para destacar alguns itens na atividade dele. Tinha um outro aluno perturbando, eu retirei o aluno da sala e levei para a secretária. Aí quando eu retornei da secretaria, eu encontrei com ele na porta da sala, aí foi só o tempo de eu entrar na sala, ir para atrás da mesa e ele foi para a mesa dele, a mesa estava bem próxima da do professor. Aí quando eu agachei a cabeça para pegar o caderno eu já recebi o golpe…. Um golpe muito forte no pescoço do lado esquerdo. Minhas vistas escureceu, eu fiquei zonza, mas recuperei os sentidos. Ele estava na minha frente com um facão na mão. E eu estava com as atividades na mão, botei a mão no pescoço, os alunos já estavam gritando e correndo da sala. Aí, Deus me deu força e eu consegui correr da sala. Eu não tive luta com ele. Entre nós havia a mesa do professor e aí eu consegui correr. Corri pro lado da escola, eu não fui para a rua direto que foi minha sorte porque ele saiu para a rua com o facão na mão. Então talvez se ele tivesse me alcançado, ele teria me dado um segundo golpe pelas costas, só que Deus é tão perfeito que eu não corri direto pra rua, fui pra atrás da escola”, disse a professora.


A professora ainda relata como saiu da instituição e conseguiu pedir ajuda

“Só depois que eu vi que ele não estava, que eu corri para a rua. Fiquei pensando que eu estava gravemente ferida, eu não conseguia tirar a mão do pescoço. Aí saí para a rua e encontrei uma moça que me ajudou, que conseguiu me acalmar, me colocou no carro. Eu pedi pra ela que me levasse direto pra UPA, porque a impressão que eu tinha é que eu estava machucada e que eu precisava me salvar. Eu pensava o tempo todo na minha filha que tem a idade dele, 14 anos e aí ela consegui ligar para meu marido e me deixou em casa e em seguida fui para a UPA porque estava muito nervosa” relatou a professora.

Ao chegar na UPA, a professora ainda relata que encontrou o adolescente na unidade, pois, ele também havia sido levado para o local. Ela relata que chorou bastante e entrou em pânico ao vê-lo. Ela fala também como está seu psicológico diante do que aconteceu.

“Chegando na UPA eu encontrei com ele e entrei em pânico, chorei muito, mas aí eu fui medicada, fizeram todo aquele processo de corpo delito de delegacia. Eu não dormi bem à noite, eu tive pesadelo a noite toda, eu fechava os olhos e via a imagem dele com um facão na mão na minha frente, com muito ódio nos olhos eu não consigo compreender porque de tanto ódio, porque eu. Já chorei muito mais Deus é bom. Assim como ele me deu livramento ontem, ele vai curar minha mente e o meu coração, mas não está sendo fácil, não está sendo fácil mesmo. Eu oro e agradeço a Deus pelo livramento que ele me deu, por estar me sustentando, mas hoje eu peço que ele livre a minha mente e meu coração, dessa dor, desse sofrimento e dessa mágoa. E entreguei nas mãos dele este jovem que precisa de tratamento, porque ele está doente, ele precisa de cuidado, para que outras pessoas não sejam vítimas dele e que Deus reine no coração dele”, disse, a professora.

“A gente escolhe a profissão e nunca imagina passar por isso. Foi um terror”, finalizou.

“A PM teve reunião com as escolas públicas e particulares e através delas, a sociedade revelou que se preocupa com a violência na escola, que é um problema mundial, global e temos que estar preparados para isso. Isso advém de mudanças de hábito, de costumes. Estamos numa fase de transição de modelos de pensamento, conflitos de gerações e isso acaba trazendo esse tipo de transtorno. Mas a certeza é que vamos evoluir como sociedade e acharemos um meio termo para tudo isso”, declara o Comandante.

Medidas de Segurança

Diante de vários ataques que vêm acontecendo ultimamente em todo o país, o Poder Público Municipal, semanas antes, chegou a discutir sobre quais medidas de segurança poderiam ser adotados nas escolas. Foi sugerido detector de metais, mas isso atrasaria a entrada dos alunos, também pensaram em revista aleatória, mas também causaria atrasos nas aulas.

O certo é que é preciso que medidas de segurança voltem à pauta, novamente, com especialistas, que possam traçar metas e estratégias de segurança.

“É preciso especialistas, que de fato entendem de ambiente escolar, para que possam opinar, pensar em estratégias e não como muitos das redes sociais acham que cuidar da escola é como se fosse uma receita de bolo. Escola é lugar de acolhimento e não da repressão. É importante buscar estratégias, mas não existe algo que possa ser feito da noite para o dia, é algo muito complexo e delicado a ser tratado”, reforça o Professor Rodrigo Santana.

Ameaças em outra escola de Seabra

Além desse ataque, há relato de uma mãe de ataque e ameaças em outra escola de Seabra e, pede para que a Escola Estadual Felinto Justiniano Bastos possa explicar o que está acontecendo, para que todos possam sentir a sensação de segurança.

“Têm uns quatro dias que minha menina foi para a escola Felitno e lá um rapaz lhe atacou e lhe deu um tapa na cara, atacou também meu sobrinho, e queria matar minha menina. É um rapaz de 19 anos que tem transtornos também, e eu preciso de providências, pois não me falaram nada e minha menina está correndo risco de vida. Fora que ele atacou antes, outras três meninas também, e a Escola Estadual Felinto nos escondeu isso. Quero resposta da Direção”, relata uma mãe.

Essa reclamação não tem relação com a Escola Municipal Ivani Oliveira, atacada nesta quarta-feira, porém, o ato dessa quarta-feira suscitou nos pais o medo do que já vem acontecendo.

A Escola Estadual Felinto Justiniano Bastos emitiu nota de esclarecimento onde diz que houve uma briga de alunos na quinta-feira (11) e que a direção suspendeu os envolvidos e solicitou aos pais que comparecessem à escola, pois apenas um deles era maior de idade. Como medida, um dos envolvidos foi transferido para evitar conflitos. Também foi orientado aos pais que comparecessem à Delegacia para registrar Boletim de Ocorrência, uma vez que a ameaça foi diretamente no celular particular do aluno e não no grupo escolar.

A real violência escolar chegou na Chapada Diamantina

O ataque do menor com facão a uma professora em Seabra mostra algo triste e preocupante. A violência escolar, tão noticiada ultimamente em lugares mais distantes, chegou, de fato, em Seabra, na Chapada Diamantina.

“A professora foi atingida, mas em uma lesão em um grau muito menor, um arranhão no pescoço. Foi algo que a gente jamais esperava que acontecesse tão próximo, pois costumamos noticiar isso distante da gente, mas pelo visto, fatos como esse têm se aproximado cada vez mais da nossa realidade. Chegou na nossa realidade e chegou com força”, esclarece o Professor Rodrigo Santana.

Ainda na última terça-feira (16), uma mulher armada com uma faca tentou invadir a Escola Municipal Trancedo Neves, localizada em Itaberaba por volta das 12:40. A mulher estava ameaçando agredir o diretor e uma funcionária. A ação foi prontamente interrompida pela guarnição da Companhia de Emprego Tático Operacional (CETO), do 11° Batalhão de Polícia Militar (BPM).

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