Guilhardo Fontes Ribeiro, pneumologista e Diretor de Assuntos de Saúde Pública da Associação Bahiana de Medicina (ABM)
Cerca de 400 pessoas morrem por conta da doença a cada ano no Estado
A Bahia já acumula 439 casos e 22 mortes por tuberculose em 2024, conforme dados da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab). Causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, que afeta principalmente os pulmões, mas também pode afetar outros órgãos como rins, ossos e cérebro, a condição pode ser transmitida de pessoa para pessoa pelo ar, através da tosse, espirro ou fala. Em função do Dia Mundial da Tuberculose, lembrado em 24 de março, e da Semana Nacional de Mobilização e Luta Contra a Tuberculose (24 a 31 de março), se reforça o alerta à população sobre a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado para a cura da doença.
Além dos casos registrados neste ano, a Sesab informou que a Bahia teve 4.882 casos de tuberculose em 2023, e 4.861 no ano anterior. O número de mortes foi de 384 no ano passado, e de 413 em 2022. De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil ocupa o 17º lugar entre os 22 países responsáveis por 82% do total de casos de tuberculose no mundo. Embora seja uma doença passível de prevenção, tratamento e até mesmo cura, a cada ano são notificados aproximadamente 70 mil casos novos e cerca de 4,7 mil pessoas morrem anualmente no Brasil.
Cada paciente com tuberculose pulmonar que não se trata pode infectar em média de 10 a 15 pessoas por ano. Alguns fatores contribuem para a disseminação da doença tais como a pobreza e má distribuição de renda, desnutrição, as más condições sanitárias e a alta densidade populacional.
De acordo com o pneumologista e Diretor de Assuntos de Saúde Pública da Associação Bahiana de Medicina (ABM), Dr. Guilhardo Fontes Ribeiro, existem alguns fatores que colocam o Brasil entre os países com maior incidência da doença no mundo.
“É um tema que deve ser discutido sempre, pois é preciso esclarecer a população sobre a doença. Nas regiões mais pobres é onde se concentra o maior número de tuberculosos por diversas razões, como por exemplo pela falta de saneamento básico e pelo fato de as pessoas morarem em imóveis pouco arejados, possibilitando uma maior disseminação da doença”, explica.
O pneumologista também faz um alerta: tosse persistente entre duas ou três semanas pode ser um indício de que a pessoa está infectada com a doença. Ainda conforme o especialista, nestes casos, o indivíduo precisa ser submetido a avaliações para descobrir o que está levando à tosse.
Dr. Guilhardo Fontes também informa que o tratamento consiste em um esquema de antibióticos por pelo menos seis meses, e destaca que o diagnóstico precoce é fundamental para evitar complicações. Ele também lembra que a vacina BCG é obrigatória para menores de um ano, e protege as crianças contra as formas mais graves da doença.
“A melhor forma de prevenir a transmissão da doença é fazer o diagnóstico precoce e iniciar o tratamento adequado o mais rápido possível. Ele deve ser feito por um período mínimo de 6 meses, diariamente e sem nenhuma interrupção. E só termina quando o médico confirma a cura total do paciente. Com 15 dias após iniciado o tratamento, a pessoa já não transmite mais a doença”, ressalta o diretor da Associação Bahiana de Medicina.
Pandemia prejudicou tratamento – Dr. Guilhardo também pontua que, durante a pandemia da Covid-19, os Centros de Referência de Tratamento da Tuberculose ficaram fechados, o que prejudicou e proporcionou um leve aumento no número de casos.
“Chegamos aos 70 mil novos casos no país, cerca de 5 mil mortes no Brasil e, aqui na Bahia, tivemos cerca de 500 óbitos. Mas os atendimentos foram progressivamente normalizados e estamos com um patamar próximo ao que tínhamos antes. Na época, as pessoas não saíam, não iam ao Centro, alguns abandonaram o tratamento. E é fundamental manter o tratamento durante seis meses para não só evitar a multirresistência, mas também para evitar a disseminação da doença”, finalizou.
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