Economistas apontam que expectativa não é de melhora; veja detalhes
Impactado por conflitos geopolíticos, o suprimento de fertilizantes no Brasil registrou queda neste início de ano. As importações de nitrato de amônio (NA) vindas da Rússia, principal fornecedor do país, zeraram em fevereiro deste ano e acenderam um alerta para o setor, mostrando que as áreas de compras devem ponderar riscos relacionados à disponibilidade interna do material ao longo do ano
Esses dados são da Gep Costdrivers, plataforma de inteligência, análise e projeção de dados. Devido às restrições ambientais, a defasagem tecnológica e a crescente demanda, a produção nacional de fertilizantes é, em média, a mesma desde os anos 2000, tornando o mercado agrícola nacional dependente das importações de insumos.
A análise econômica da empresa explica que isso implica em uma alta exposição às condições macroeconômicas globais, como guerras, inflação externa, política de juros e seus efeitos no câmbio, conforme temos visto com os conflitos no Leste Europeu, com a guerra entre Rússia e Ucrânia, e no Oriente Médio, com os confrontos de Israel com o Hamas e Irã.
“No caso da Rússia, país que detém a maior parte do fornecimento de NA para o Brasil, as importações seguem sendo fortemente impactadas pela guerra. Em 2022, houve um aumento nos preços e uma queda nos volumes embarcados que, apesar de normalizar em 2023 com a ajuda da redução da demanda, voltou a agravar o cenário este ano, zerando o fornecimento em fevereiro. Com isso, o volume total importado pelo país entre janeiro e março deste ano foi -27,55% menor que o mesmo período do ano anterior”, dizem economistas da companhia.
Em relação ao Oriente Médio, o fornecimento de SSP (superfosfato simples) vindo de Israel intensifica a preocupação para o setor, registrando uma queda de -60,55% entre janeiro e março de 2024 em relação a 2023, após a eclosão do conflito com o Hamas. No caso do Irã, fornecedor de ureia, as compras seguem regulares, mas devem ser monitoradas com atenção, considerando o conflito iniciado este mês com Israel.
“O atual cenário acende um alerta para o mercado principalmente porque não temos como prever o fim dos conflitos ou os próximos passos dos países envolvidos neles. Portanto, as projeções são pessimistas: espera-se que as quedas nas importações de alguns tipos de fertilizantes se mantenham durante o ano, colocando em risco a disponibilidade desses insumos”, afirma Isadora Araújo, economista da Gep Costdrivers.
“Quanto à produção doméstica, a expectativa é que haja uma queda de -4,13% este ano, em relação a 2023, que já tinha registrado uma redução”, complementa.
Segundo os especialistas, apesar da queda de importação, os preços médios FOB (Free on Board) dos fertilizantes ainda registraram queda em março, mostrando que o mercado, até o momento, não precificou essa contração do fornecimento, já que os juros seguem altos e a demanda desaquecida.
“No entanto, o período não é o ideal para analisar a tendência de preços desses insumos, visto que as compras de fertilizantes ocorrem, sazonalmente, entre o terceiro e quarto trimestre do ano, época de plantio de importantes culturas que movimentam o mercado”, finalizam os economistas.
Fonte: Bnews
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